11 de outubro de 2025
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De Santo Amaro a Nilópolis: “Liberdade fincada pelo povo negro” dá novo significado ao 13 de maio no Bembé e na Beija-Flor

A Beija-Flor de Nilópolis prepara seu enredo de 2026 com força simbólica, resgatando o sentido histórico do 13 de maio a partir de uma perspectiva afrocentrada e espiritual. O tema “Liberdade fincada pelo povo negro” propõe que a abolição não foi apenas um ato legal, mas um processo complexo de resistência cultural, fé e ancestralidade — especialmente no contexto do culto do Bembé do Mercado, elemento central do enredo da escola.

Caminho simbólico: de Santo Amaro a Nilópolis

O enredo pretende traçar uma rota simbólica que remete ao passado de resistência negro em Salvador (Santo Amaro), pelas rodas de Bembé, e conectar esse território religioso com Nilópolis, lar da Beija-Flor. É uma ponte entre ritual, memória e carnaval. O desfile vai cruzar essa travessia histórica: o som dos atabaques, o canto ancestral, o corpo ritualístico e a presença simbólica do culto do Bembé como força viva.

A releitura do 13 de maio como recomeço

O enredo propõe que o 13 de maio seja visto não apenas como data legal da abolição, mas como ponto de partida de uma outra liberdade — espiritual, cultural e simbólica. Ao invocar o Bembé na Beija-Flor, a escola reforça que liberdade se conquista com cultura, religião, memória e arte, e não apenas com documentos. Essa releitura torna o 13 de maio um dia de reafirmação identitária para o povo negro — um marco de celebração ativa.

Expectativa para o desfile

A Beija-Flor planeja uma apresentação que vá além da homenagem: espera-se que no carro de som, nas fantasias, nas alegorias, no canto e nos ritmos seja possível respirar identidade. Os elementos esperados incluem objetos simbólicos do culto (guias, ebós, ofrendas estilizadas), cores perfumadas de terreiro, movimentos coreográficos que remetam à devoção, e letra que dialogue com ancestralidade, fé, resistência e luz.

A comunidade já se mobiliza para participar com alegria, corpo e canto — afinal, ao transformar o 13 de maio, a escola busca não só emocionar na avenida, mas reafirmar cultura, pertencimento e poder simbólico.