21 de outubro de 2025
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Novas mídias cobram diálogo e reconhecimento no Carnaval

Vozes da avenida digital

Durante o Encontro Carnavalesco, realizado no Museu do Samba, representantes das novas mídias se reuniram para discutir a falta de acesso à Sapucaí nos dias de desfile, consequência do contrato de exclusividade da transmissão com a TV Globo. Thiago Marques, do Sambemos, lamentou: “Perdemos 100% do nosso conteúdo durante os dias de desfile. Entendo enxugar, mas a forma como fizeram foi excessiva.”

O olhar que a Globo não mostra

Marcelo Ferreira, do Carnaviva, reforçou que o papel dessas mídias é revelar o que o público tradicional não vê: “A Globo não mostra o que eu mostro; não conhece o nome de cada passista.” Já Gil Lira, do Você na Folia, destacou que são esses veículos que dão visibilidade aos artistas da comunidade: “É a gente que mostra o terceiro casal, a nova musa, o sorriso da ala. São essas pessoas que sentem falta da gente.”

O impacto do silêncio

Helena Baltasar, da Cidade do Samba, lamentou o esvaziamento dos registros: “A proibição de gravação nos impactou 100%. Filmávamos cabines e bastidores que não aparecem na TV.”
Felipe Damico, do Apoteose, defendeu a importância histórica do registro audiovisual: “O Apoteose é feito para que daqui a 20, 30 anos a gente tenha memória do que acontece hoje. Neguinho da Beija-Flor é o maior intérprete do planeta e não há registro oficial dele cantando.”

A palavra de ordem: diálogo

Os participantes foram unânimes: é preciso conversar. Damico resumiu o sentimento coletivo ao afirmar que “há pessoas capacitadas na Liesa para resolver, é só sentar e conversar”. O grupo pede transparência nos termos do contrato e maior participação das assessorias das escolas na distribuição de credenciais, reconhecendo o trabalho das mídias que vivem o carnaval o ano inteiro.

O futuro do registro carnavalesco

O encontro expôs uma tensão entre tradição e modernidade, televisão e redes sociais, controle e liberdade de expressão. As novas mídias, movidas por paixão e pertencimento, reivindicam o direito de registrar o espetáculo que também constroem — o carnaval visto de dentro, com suor, lente e emoção.