5 de dezembro de 2025
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Força, som e ancestralidade: Giovanna Paglia assume a linha de frente da bateria da Portela

No compasso da história e da tradição, Giovanna Paglia surge como um sopro fresco de renovação na “Tabajara do Samba”. A mineira, com trajetória marcada pela dança — ela foi patinadora artística na adolescência —, trouxe consigo a pulsação das raízes: foi no contato com o xequerê, em Brasília, que descobriu o chamado do samba e da percussão afro-brasileira. Com alma de nômade e coração que se abriu para o ritmo, ela fundou o movimento Agbelas, dedicado à percussão e à memória ancestral — um portal de arte, acolhimento e luta por representatividade.

Agora, pela primeira vez na história centenária da Portela, Giovanna assume a direção de um naipe de xequerês. São dez mulheres à frente da bateria, marcando uma virada simbólica: a terceira mulher a ocupar esse posto em mais de 100 anos da escola. A nomeação transcende estatísticas: é celebração de diversidade, de potência feminina e de transformação — um grito ritmado no tamborim da história.

Para Giovanna, ser “arte-educadora” e “ritmista-sambista-maestrina” não é contraditório — é missão. Ela assumiu que não basta tocar: é preciso ensinar, despertar consciência, cultivar ancestralidade e acolher o coletivo. E foi esse espírito de cura e pertencimento que guiou sua vontade de dirigir a ala de xequerês da Portela.

No minidesfile recente, a expectativa se traduziu em emoção. A imagem de Giovanna de costas à avenida, conduzindo com firmeza e ternura a fila de mulheres que carrega no colo o som ancestral do xequerê, simboliza muito mais do que técnica: carrega história, corpo, afinidade, suor e amor — os ingredientes do samba verdadeiro. O tambor e as cabaças vibram, e com eles, a certeza de que o presente do samba se renova com elegância, coragem e alma.