Rubro-Negros por um dia, vascaínos por amor: o tributo de Viradouro a Mestre Ciça
Na madrugada em que o futebol fechava uma conquista, a avenida da Cidade do Samba se vestiu de surpresa: o casal de mestre-sala e porta-bandeira da Viradouro entrou em cena com figurinos inspirados no uniforme do Vasco — homenagem direta ao Mestre Ciça. Apesar da rivalidade histórica estampada nas cores do futebol, a alegria e o respeito se sobrepuseram à torcida. Em cada passo do casal, havia mais do que samba: havia reverência, memória e a afirmação de que o samba celebra quem pulsa por ele, sem barreiras clubísticas.
Julinho e Rute não titubearam diante da ironia implícita no gesto — aceitaram o convite da escola como quem aceita um chamado ao respeito. Vestir a Cruz de Malta naquele minidesfile não foi provocação: foi agradecimento, reconhecimento de legado, gesto de gratidão. “Não temos do que reclamar: toda e qualquer homenagem ao Ciça é válida”, disse Julinho, fazendo da batida de cada passo um tributo à sua história viva.
O contraste visual — rubro-negros declarados fingindo outra camisa — chamou atenção. Mas não roubou o brilho da homenagem: o samba continuou sendo a estrela, e o Mestre Ciça, o homenageado. Quando ele viu o casal vestido de vascaíno, os olhos dele se encheram d’água — e a alma da Viradouro pareceu cantar mais alto.
Essa cena desafia a lógica dos campos e mostra que, na avenida e na comunidade, o que importa é o samba, a história, a valorização dos que fazem a festa acontecer. A homenagem da Viradouro a Ciça — com figurino, coragem e emoção — prova que o Carnaval também pode acolher e unir, celebrando o legado com amor e respeito.

