A voz da comunidade sacode Duque de Caxias: Grande Rio estreia com samba e fogo no peito
Na noite em que as luzes da Avenida Brigadeiro Lima e Silva se misturaram com o calor da Baixada, a Grande Rio transformou a rua em palco e a calçada em torcida, mostrando que seu samba já vive na boca, no passo e no peito. Logo nas primeiras batidas da bateria de Mestre Fafá, conduzida com fúria por Evandro Malandro, o canto coletivo explodiu — firme, bruto, urgente — e fez a comunidade cantar “A Nação do Mangue” como quem reza uma prece forte, carregada de resistência e esperança.
O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Daniel Werneck e Taciana Couto, cruzou o asfalto com elegância, sincronia e presença de pavilhão — passou com a leveza de quem carrega a história da escola no corpo e no olhar. As alas desfilaram com consciência daquilo que representavam: cada surdo, repique, cada voz era anúncio de algo maior. A multidão respondeu com braços erguidos, palma no ar, como se todo mundo fosse parte do desfile.
Mais que um ensaio técnico, aquela noite selou compromisso: da escola com seu povo, do samba com sua raiz, e da Grande Rio com o grito coletivo das periferias. Foi estreia, sim — mas de alma, de corpo e de comunidade. O Carnaval 2026 já começou lá atrás, na rua, onde o samba nasce de verdade.

