Quando o samba olha para quem bate: Viradouro transforma Mestre Ciça em memória viva
No compasso dos tambores e no pulsar das baquetas, o respeito atravessou a Cidade do Samba — o Unidos do Viradouro decidiu dedicar seu desfile de 2026 ao Mestre Ciça, protagonista de décadas de suor, disciplina e contagiante amor pelo samba. O anúncio reverberou forte entre os ritmistas de outras agremiações: “reverenciar os nossos é diferente”, afirmaram, emocionados, muitos dos que aprenderam a sambar — e a viver — seguindo os ecos da sua batida.
Para o jovem Vitor, que desfila há pouco tempo, ver o Mestre sendo honrado em vida foi como ouvir pela primeira vez um surdo que lhe falava diretamente ao peito. Outro ritmista, Matheus, confessou que sempre viu em Ciça um espelho, um farol da percussão carioca — e agora, essa luz vai brilhar na avenida.
É um gesto raro, bonito e profundo: traduz o carnaval como herança, memória viva, tributo aos que constroem a festa por trás do ritmo. A Viradouro não apenas escolheu um enredo: escolheu dignidade, tradição e gratidão. No batuque que anuncia 2026, vai ressoar o nome de Mestre Ciça — e, com ele, o reconhecimento de gerações inteiras que se inspiram em sua batuta.

