22 de dezembro de 2025
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Mocidade fecha 2025 em modo Sapucaí

Na Ary Franco, a Estrela Guia transforma ensaio em declaração de maturidade para 2026

A Avenida Ary Franco, em Bangu, virou um corredor verde e branco de pulsação contínua no último ensaio de rua do ano da Mocidade. Havia expectativa alta, havia público atento, e havia um sentimento nítido de escola organizada: componente sabendo onde se posicionar, diretor atento ao fluxo, comunidade cantando com orgulho de quem reconhece o próprio crescimento. A impressão que ficou não foi a de um time buscando solução de última hora, mas a de uma construção gradual que vem encaixando suas peças e ganhando cara.

A comissão de frente surgiu enigmática, coberta por capas pretas que guardavam a curiosidade e, ao mesmo tempo, davam sentido à proposta. O pano não foi detalhe; foi linguagem. Extensão do corpo, ferramenta narrativa, elemento que desenha atmosfera e conduz leitura. A coreografia apareceu limpa, precisa, com sincronia clara e referências sutis à malemolência e ao universo que a escola leva para 2026, com gestos que parecem nascer da música e do espírito de palco.

O primeiro casal, Diogo e Bruna, entregou um dos pontos altos da noite. Segurança desde os primeiros giros, entradas bem marcadas e domínio de espaço como quem conhece o próprio ofício. Bruna, especialmente, dialogou com o público, puxando a energia da avenida de volta para o pavilhão, e a dança ganhou vibração de ensaio grande, daqueles em que o povo entende que está vendo algo pronto para crescer ainda mais.

Na harmonia, o chão veio potente: alas cheias, comunidade forte, canto presente, com momentos de oscilação entre setores que ainda pedem uniformidade. Na condução musical, Igor Vianna segurou o andamento com firmeza, dando leitura clara e costurando a resposta do povo mesmo quando a intensidade variava. Na evolução, a escola passou sem buracos e dentro do tempo, com pequenos embolamentos pontuais que foram contornados na hora, sinais naturais de empolgação e de ajustes finos.

E quando a bateria “Não Existe Mais Quente” entrou em cena, o ensaio ganhou sustentação de pulso firme. A sintonia ficou evidente, e a presença da rainha Fabíola de Andrade ampliou a conexão com a rua, com carisma e interação que aproximam a comunidade do espetáculo. Fechando o ano, a Mocidade deixou a sensação mais valiosa de todas: não é promessa vazia, é amadurecimento em andamento, lapidando detalhes para transformar processo em desfile.