Estação Primeira de Mangueira mergulha na Amazônia Negra e escolhe “história que pudesse ser salva do cruel apagamento” para seu enredo 2026
Sidnei França revela como o tema autoral ganhou forma e o que motiva a escola verde-e-rosa a contar uma narrativa esquecida
A Mangueira mais uma vez aposta em enredo autoral para 2026 e segue fiel à tradição de levantar histórias que atravessam o tempo, resistem ao esquecimento e pedem lugar na avenida. O carnavalesco Sidnei França assumiu o desafio de trazer à Sapucaí uma narrativa intensa, que vai além da celebração: trata-se de “salvar do cruel apagamento” aquilo que muitas vezes ficou nas sombras da memória coletiva.
O ponto de partida foi a busca por uma história brasileira pouco conhecida, mas com força e significado. A pesquisa que serviu de base levou Sidnei e sua equipe ao Amapá, ao encontro de realidades amazônicas que desafiam a visão comum de uma região homogênea. Eles se depararam com a Amazônia Negra, com laços afro-indígenas que resistem e contam o Brasil de uma periferia profunda. Esse território, afirmado pelo enredo, ganha voz pela Mangueira em uma das suas mais ousadas escolhas temáticas.
Na escola, o trabalho é conduzido como convicção. Para Sidnei, o autoral permite liberdade, permite “assinar” o projeto com verdade, e a Mangueira abraça essa vocação com entusiasmo. O enredo — que será desenvolvido visualmente, musicalmente e em cada ala — quer dar corpo, cor e ritmo a personagens, símbolos e territórios que exigem visibilidade. Não é apenas contar, é exaltar, transformar e conectar essa história ao sonho que move a verde-e-rosa.
A cada ensaio, a cada maquete, a cada samba-enredo que vai se construindo, o mantra permanece: “salvar do apagamento”. A Mangueira sabe que o desfile é palco — mas antes disso é memória, é identidade, é comunidade que respira história e que vai bradar na avenida com a força de quem não quer mais ficar no escuro.

