Tuiuti afirma sua vocação afrocentrada com o enredo “Lonã Ifá Lukumí”, mirando Cuba e ancestralidade iorubá
Tuiuti afirma sua vocação afrocentrada com o enredo “Lonã Ifá Lukumí”, mirando Cuba e ancestralidade iorubá 🌍🥁
O Paraíso do Tuiuti confirmou a força de sua identidade atravessando fronteiras com o enredo “Lonã Ifá Lukumí” para o Carnaval 2026. Com assinatura do carnavalesco Jack Vasconcelos, a escola direciona seu olhar para Matanzas, em Cuba, berço do culto Lucumí, e reafirma seu compromisso com narrativas de matriz africana no Grupo Especial.
Uma sinopse que é ritual e resistência
A proposta apresentada é densa e emocionante: mergulha no sistema oracular de Ifá, atravessando o Atlântico e resgatando a história dos cultos iorubás levados à América pelos africanos escravizados. A sinopse mistura fé, ancestralidade e força simbólica, dando voz a figuras centrais como Carlota Lucumí, que liderou revoltas na Cuba colonial, e Remígio Herrera (Adechina), referência espiritual do culto Lucumí em Havana.
O desfile será um grande ritual coletivo, onde o samba funciona como cântico litúrgico e a avenida se transforma em templo. Alegorias, fantasias e melodias vão narrar o diálogo entre sagrado e comunitário, elevando a religiosidade afroatlântica a protagonista da narrativa carnavalesca.
Identidade, denúncia e amplitude cultural
O enredo dá continuidade à jornada do Tuiuti por temas que resgatam sua raiz e fortalecem sua autonomia cultural — depois de passagens marcantes como “Xica Manicongo” e “O Salvador da Pátria”. Agora, a escola expande seu mapa simbólico, abraçando a diáspora africana com sofisticação estética e carga política.
Jack Vasconcelos promete uma apresentação sensorial potente, com alegorias que devem evocar cabildos, templos lucumí, instrumentos sagrados como obí e idefás, e usos intensos de cores e texturas que transportem o público para aquele universo ancestral.
Um enredo como convocação
“Lonã Ifá Lukumí” chega para ser mais do que um tema de desfile — é um convite coletivo à memória, ao respeito pelas raízes e à justiça histórica. O Tuiuti assume a avenida como palco de resistência sonora, dramatizando forças culturais que nunca foram apagadas. Se a comunidade estiver pronta, o chamado do oráculo será ouvido através do samba.
