5 de outubro de 2024
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Mestre Fafá defende aumento do número de mulheres na bateria da Grande Rio: ‘Pelo menos 40%’

Há quatro carnavais no comando da bateria da Grande Rio, Fabrício Machado, o mestre Fafá, coleciona êxitos no cargo. São diversos prêmios conquistados, nenhum décimo perdido no quesito e um título de campeão do Grupo Especial do Rio, algo que até então era inédito na história da agremiação de Duque de Caxias. Mesmo com tantas façanhas, Fafá não esconde que ainda tem alguns sonhos por realizar. Um deles é aumentar a presença feminina como ritmista da escola. “Quero fazer uma bateria equilibrada, 50% homem e 50% mulher”, revelou.

“Estou com um trabalho muito forte para colocar mais mulheres na bateria da Grande Rio. Quero que, pelo menos, 40% seja de mulheres tocando. Elas estão crescendo muito no Carnaval, se mostrando bastante focadas, empenhadas, com uma forma de estudar o instrumento muito bacana. Então, você vê essa dedicação delas, a maneira como tocam. E outra coisa, além da delicadeza, elas possuem uma educação tocando muito grande. Portanto, a gente vem trabalhando muito isso, tentando alinhar a galera mais jovem, que sobem da Pimpolhos, junto com o pessoal da antiga para sempre buscar esse equilíbrio e poder ter mais um ano de sucesso, se Deus quiser”, ressaltou Fafá durante a participação no “Encontro com o Ritmo”, programa no YouTube do site CARNAVALESCO.

No bate-papo com os jornalistas Guilherme Campagnuci e Freddy Ferreira, o mestre de bateria da Grande Rio exaltou as mulheres que já fazem parte da bateria. Ao defender a ampliação desse número, o comandante citou algumas delas como exemplo de comprometimento e entrega.

“Atualmente, tenho quatro marcadoras. Elas têm uma educação tocando surdo que é invejável. Tiram som o tempo inteiro, sempre focadas, com a pulsação correta, não se perdem em nenhum momento… Acho isso um trabalho muito incrível da minha direção e faz parte também do nosso resgate. Todas elas são tratadas com respeito. E se vê nelas essa vontade de aprender, estão sempre estudando. Claro que o trabalho é devagar, gradativo, mas acredito que no final vai dar um resultado excelente. Se depender do que elas estão demonstrando até agora, tenho certeza disso”, pontuou.

Fafá começou como ritmista da Pimpolhos da Grande Rio, agremiação mirim da tricolor caxiense, aos 13 anos. Lá, foi diretor, chefe do carro de som até chegar ao cargo de mestre. Na escola mãe, teve um caminhada similar e alcançou o posto de comandante da bateria no Carnaval de 2019. Na ocasião, ele foi encarregado da missão de fazer um resgate do ritmo e das características. Indo para o quinto desfile no comando, a avaliação do trabalho realizado até aqui é positiva.

“Me sinto feliz. Quando a gente começou esse resgate, muitos viraram o nariz e falaram que isso era maluquice, que não cabia mais no samba atual. Mesmo com as críticas, ficamos na nossa, executamos o trabalho, sem desmerecer ninguém e respeitado tudo que tinha para ser respeitado. Foi árduo, foi difícil e esse resgate continua, não acabou. Estamos ainda batendo na tecla em coisas que podemos melhorar. Não adianta achar que porque tiramos uma nota boa, todos os problemas da bateria foram resolvidos. O mesmo esforço e dedicação que eu tive em 2019 tenho que ter agora. É algo contínuo, um resgate de trabalho, de equalização cada vez mais. Quero chegar ao nível aonde a quilômetros de distância a pessoa consiga identificar todos os naipes ressoando perfeitamente, entendendo que é a bateria da Grande Rio, no ritmo, tudo certinho”, relatou.

Ainda fazendo uma análise do trabalho realizado nos últimos anos, Fafá ponderou sobre a importância da ala de agogôs. Na visão do mestre, o instrumento seria uma espécie de cereja do bolo do seu ritmo, funcionando como um fiel da balança.

“O agogô é o equilíbrio da minha bateria. Ele é tão bem tocando que se aumentarem a velocidade um pouco vai perder todo o brilho que tem ali. O agogô hoje, na bateria da Grande Rio, parece uma lira. Eu olho para ele, vejo que está tocando confortável, é a certeza de que está tudo certo, tudo perfeito. Agora, se eu olho para o agogô e vejo que está colocando força desnecessária, já sei que está tudo errado. Por isso, é o equilíbrio”, afirmou Fafá.